Queneau publicou “Zazie no metrô” há exatos 50 anos. No livro, narra os acontecimentos que se sucedem à pré-adolescente Zazie, em suas andanças pelas ruas de Paris. Ela chega à capital francesa vinda de uma pequena cidade do interior do país. Na casa de seu tio Gabriel, se revela mal educada e geniosa e acaba envolvendo os vizinhos do tio, um estranho que encontra na rua e uma viúva demasiadamente carente.
No Brasil, “Zazie no metrô” foi publicado, pela primeira vez, em 1985. Traduzida por Iréne Harlek Cubric, a versão da editora Rocco se encontrava fora do mercado há mais de duas décadas. Nos 50 anos do livro, a obra foi lembrada ganhando uma nova e zeloza tradução de Paulo Werneck.
A tradução, aliás, é que salva o livro, já que a literatura de Queneau é uma escrita do risco. É como se o autor andasse sobre um muro alto que dividisse a tradição moderna do romance e da prosa inventiva (James Joyce, Marcel Proust, Virginia Wolff) e as narrativas “baratas” dos romances de banca de jornal e do cinema de entretenimento. Queneau se vale de recursos como a reconstrução do léxico e do vocabulário, fundindo palavras, criando novas e flexionando outras, conforme seu uso oral.
Por recorrer à oralidade, Queneau atrelou seu romance à língua. Mais que as paisagens, “Zazie no metrô” propõe um percurso pela própria língua francesa. Solucionar isso, incluindo o português falado no Brasil na mistura de Queneau, sem incorrer em inadequações, é o grande trunfo do trabalho de de Paulo Werneck na tradução.
É ele quem explica: “A tradução hoje é encarada quase como um gênero literário autônomo; há quem defenda que seria um texto tão original quanto o ‘original’. Sou mais cauteloso quanto a isso, acho que é necessário acompanhar o autor passo a passo. O livro é do autor, e não do tradutor´, enfatiza, acrescentando, sobre os dilemas e as sutilezas de seu ofício: ´No entanto, se o livro é muito sugestivo, como ‘Zazie’, se propõe brincadeiras com a linguagem, trocadilhos, gírias, minha obrigação como tradutor é seguir o autor nisso tudo e encontrar correspondentes em português. É menos uma questão de ser ‘fiel’ e mais de ser ‘leal’ ao autor. Caso contrário, vou traí-lo”.
Solucionado o impasse lingüístico, Werneck deixa o romance o mais transparente possível. O que fica à vista é uma história engraçada, beirando o surrealismo. Um confusão, nas ruas de Paris e na(s) língua(s), motivada por uma criança espevitada, cujo único desejo é andar de metrô.
No Brasil, “Zazie no metrô” foi publicado, pela primeira vez, em 1985. Traduzida por Iréne Harlek Cubric, a versão da editora Rocco se encontrava fora do mercado há mais de duas décadas. Nos 50 anos do livro, a obra foi lembrada ganhando uma nova e zeloza tradução de Paulo Werneck.
A tradução, aliás, é que salva o livro, já que a literatura de Queneau é uma escrita do risco. É como se o autor andasse sobre um muro alto que dividisse a tradição moderna do romance e da prosa inventiva (James Joyce, Marcel Proust, Virginia Wolff) e as narrativas “baratas” dos romances de banca de jornal e do cinema de entretenimento. Queneau se vale de recursos como a reconstrução do léxico e do vocabulário, fundindo palavras, criando novas e flexionando outras, conforme seu uso oral.
Por recorrer à oralidade, Queneau atrelou seu romance à língua. Mais que as paisagens, “Zazie no metrô” propõe um percurso pela própria língua francesa. Solucionar isso, incluindo o português falado no Brasil na mistura de Queneau, sem incorrer em inadequações, é o grande trunfo do trabalho de de Paulo Werneck na tradução.
É ele quem explica: “A tradução hoje é encarada quase como um gênero literário autônomo; há quem defenda que seria um texto tão original quanto o ‘original’. Sou mais cauteloso quanto a isso, acho que é necessário acompanhar o autor passo a passo. O livro é do autor, e não do tradutor´, enfatiza, acrescentando, sobre os dilemas e as sutilezas de seu ofício: ´No entanto, se o livro é muito sugestivo, como ‘Zazie’, se propõe brincadeiras com a linguagem, trocadilhos, gírias, minha obrigação como tradutor é seguir o autor nisso tudo e encontrar correspondentes em português. É menos uma questão de ser ‘fiel’ e mais de ser ‘leal’ ao autor. Caso contrário, vou traí-lo”.
Solucionado o impasse lingüístico, Werneck deixa o romance o mais transparente possível. O que fica à vista é uma história engraçada, beirando o surrealismo. Um confusão, nas ruas de Paris e na(s) língua(s), motivada por uma criança espevitada, cujo único desejo é andar de metrô.
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=648563