quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Uma boa tradução pode ser uma “arma” positiva no marketing e nos negócios

A necessidade de um bom diálogo e entender o próximo é uma questão muito antiga e vem desde os primórdios do homem, principalmente pelas práticas comerciais. Hoje, essa necessidade está cada vez mais acentuada e a globalização, junto com a evolução das tecnologias e meios de comunicação, provoca a obrigação de países, corporações e pessoas, em buscar se entender cada vez melhor.

Só que, diferentes idiomas e sotaques requerem cuidados para que não aja confusão e deslizes na hora de entender a mensagem de países diferentes. O que ainda acontece muito. Aí, é que entra a importância de uma boa tradução. O entendimento claro e correto da informação de outro idioma pode fazer a diferença, por exemplo, em uma estratégia de marketing ou no esclarecimento de um contrato internacional.

Confira a entrevista com a tradutora e coordenadora da Área de Traduções do CLL Lucía Rodríguez sobre as dificuldades mais comuns na tradução e formas de aplicações diferenciadas no marketing.

Quais as principais diferenças entre as traduções feitas para Inglaterra, Estados Unidos, Espanha e países latinos?


A principal diferença está no vocabulário. O idioma é o mesmo, mas há palavras que não tem o mesmo significado em um país e no outro. Na América Latina, o idioma principal é o espanhol, mas esse mesmo espanhol muda um pouco de país a pais, não somente o sotaque, mas também o significado de várias palavras.

No inglês dos Estados Unidos e da Inglaterra é a mesma diferença. Tem jeitos diferentes de chamar certas coisas. Por exemplo, na Inglaterra, as calças são chamadas "trousers", enquanto nos EUA, são conhecidas como "pants". Assim também há diferenças na Espanha e América Latina quanto à palavra Internet. Enquanto na Espanha falam "el internet", na América Latina dizem "la internet".

Provavelmente, todos irão entender do que se trata, mas a tradução não estaria correta para aquele país. E é aí que entra uma diferença gritante entre quem sabe fazer e quem faz de conta que sabe fazer. E isso deveria pesar muito na hora da escolha de um profissional.

Quais os cuidados que se deve ter ao fazer uma tradução formal e uma informal? Onde cada uma delas é aceita?


Todos os idiomas têm um jeito formal e informal de falar/escrever. A América Latina costuma usar mais o "tu" (informal) que a Espanha. Se a tradução for um slogan de marketing, o mais provável é que seja informal, já que procura aproximar-se ao público em geral. Tem traduções que requerem mais formalidade. Para não errar, é preciso conhecer o público, o tipo de tradução que é e também o quê é requerido pelo solicitante da tradução. Muitas vezes eles são os que dizem como querem a tradução.

Por falar em marketing, como deve ser a tradução para essa área?

As traduções para a área de marketing podem ser mais difíceis. Em uma tradução muito literal de um trabalho de marketing é difícil conseguir a fluidez do texto. Frases de marketing podem ser muito complicadas também.

O "slogan" pode mudar muito de uma língua para outra para fazer mais sentido para aquele público-alvo. Uma tradução de marketing precisa de criatividade por parte do tradutor. Isso não quer dizer que ele pode mudar o que está escrito, mas com criatividade podem surgir ainda mais idéias para uma tradução de marketing. Por isso, o ideal é o contato e a troca de idéias entre o criativo e o tradutor, para "afinar" a percepção do conceito.

Quais os maiores erros de tradução?


Existem erros quando a tradução é feita de uma forma literal. Geralmente esse tipo de erro é cometido por um tradutor que está apenas começando ou quando não se entende bem o modismo. Um exemplo disso, em inglês, é o jeito coloquial de falar "oi", ou seja, "What's up".

A tradução correta no português seria "E aí?", mas um erro comum se o tradutor não sabe que "what's up" é um jeito de falar oi, seria ele traduzir como "O que tem lá em cima?", o que tiraria complemente o sentido do texto. Aqui, podemos aproveitar o mesmo exemplo, e citar o caso do Presidente do México, que ao discursar em um estádio brasileiro tentava falar hoje, mas dizia Hoy, e era saudado pela torcida com um sonoro Oi, não entendendo o que estava ocorrendo.

Administradores.com, 18.11.09