Petróleo pressiona demanda. Ganhos podem chegar a R$10 mil
Como se não bastassem a globalização e a internacionalização das empresas, não há dúvidas de que, com a quantidade de eventos de importância mundial agendados no país para os próximos anos, os profissionais precisam, cada vez mais, saber ao menos uma língua estrangeira. O aparecimento de editoras novas também tem estimulado esse aprendizado. Assim, cresce o número de cursos para formar tradutores. Seja para trabalhar com publicações de fora como para facilitar a comunicação em conferências e palestras.
- O tradutor sempre teve sua importância reconhecida. No entanto, neste momento de crescimento econômico, em que há investimentos grandes de outras nações em nosso país, cresce sua importância tanto no mercado empresarial quanto no editorial - afirma a coordenadora de cursos de Extensão e Especialização em Letras da PUC-Rio, Silvia Becher.
Formação ainda longe de atender a demanda
No que se refere aos salários, um profissional especializado e contratado formalmente por uma empresa costuma receber, por mês, algo em torno de R$10 mil. Já tradutores em agências chegam à metade deste valor. Quem atua sem vínculo empregatício pode, eventualmente, até ganhar mais. O problema é que, neste caso, não tem benefícios garantidos e precisa, muitas vezes, abrir mão de fins de semana e noites de sono.
- Os tradutores com nome no mercado têm trabalho constantemente e, às vezes, precisam negociar prazos ou recusar solicitações devido à crescente demanda e ao seu próprio limite de trabalho - comenta Silvia.
Paulo Macedo, diretor da Flash! Idiomas, também cita a vocação do Rio como produtor de petróleo - por causa da recente descoberta do pré-sal - como um fator que só contribui para o aumento do número de vagas para tradutores.
- No entanto, ainda estamos longe de atender a demanda por profissionais nessa área. É uma queixa recorrente entre os estrangeiros que nos visitam o fato de que poucos são os brasileiros que falam inglês ou qualquer outro idioma estrangeiro - diz Macedo.
Segundo Silvia, a variedade de cursos também tem crescido nos últimos anos. Na PUC, programas como a especialização em tradução e formação de intérpretes de conferências, além de mestrado e doutorado, atraem e incentivam estudantes a seguirem em frente com a profissão.
Saber bem o português é primordial, diz professor
- O mercado está aquecido e estão surgindo várias oportunidades de trabalho para tradutores e intérpretes. Os cursos de formação de tradutores e intérpretes de conferência estão crescendo muito - revela Roberto Barretto, diretor-sócio da Brasillis Idiomas.
Macedo, porém, lembra que, para um bom trabalho na profissão, conhecimento da língua materna ainda é primordial:
- É necessário que o futuro tradutor trate de aprender o português com profundidade. Posso afirmar que o seu domínio é essencial para quem deseja ser tradutor. Em segundo lugar é que deve vir o inglês ou outro idioma.
O Globo